A expressão popularizou-se nos últimos tempos. “Lugar de fala” é um conceito que diz respeito ao dar o direito à pessoa que vive alguma situação social de desvantagem, como preconceito, racismo, discriminação, de falar por si, sem mediadores. Respeitar o discurso de quem sente na pele sua dor social e dar a esse discurso a visibilidade necessária para que essa expressão vire ferramenta de mudança social, para que dores assim não sejam mais sentidas.
Os movimentos feministas têm utilizado o termo com frequência, pois, durante muitos anos, as mulheres não tiveram suas falas projetadas e respeitadas como deveriam. A filósofa e escritora Djamila Ribeiro muito bem mostrou o panorama histórico que retrata o quanto as vozes femininas foram silenciadas em muitos momentos importantes. Com um livro que traz no título a expressão “Lugar de Fala”, ela explica que “O falar não se restringe ao ato de emitir palavras, mas de poder existir”.
O mês de março, em que se celebra o Dia Internacional da Mulher, é uma excelente oportunidade para abrir-se a discussão sobre uma participação feminina mais ativa na sociedade, dando voz a quem tem o tal “lugar de fala”. Ou seja, abrindo espaço para que cada vez mais mulheres possam expressar seus pensamentos, contar suas experiências, compartilhar suas histórias, lamentar suas dores e comemorar suas conquistas. Elas por elas, e não mais por eles.
Costumo dizer que quando uma mulher forte se expõe publicamente e se deixa conhecer, ela inspira outras a acreditarem em si mesmas, fortalecendo todas. Para que haja uma profunda transformação social no que hoje conhecemos como “machismo estrutural” é preciso que mais e mais mulheres falem por si mesmas. E para isso devem buscar ferramentas para se prepararem para falar cada vez mais e melhor.
E deixo aqui meu incentivo a cada uma que hoje se recolhe aos bastidores das falas de outras e outros e, por vergonhas construídas ao longo de anos convivendo com o medo de se expor e receber o julgamento por eventuais falhas, que possam finalmente entender que não se trata apenas de um direito de falar, mas sim de uma obrigação. Nós, mulheres, temos o dever de assumir nosso discurso publicamente, pois nós, melhor que ninguém, sabemos o que vivemos na pele em relação a preconceitos, discriminações machistas.
Mulher, vai e fala!
Luciana Gomes
Jornalista e professora de Oratória
Todo o conteúdo do nosso blog está protegido por direitos autorais, exceto quando indique expressamente o contrário
Copyright © 2025 | Todos os direitos reservados. Desenvolvido pelo OPS