É um dilema comum, muitos alunos chegam nas turmas do Curso de Oratória com a queixa de que sabem que tem muito a dizer, a contribuir com as outras pessoas, mas não sabem bem por onde começar, como escolher o tema de seu discurso, de sua fala.  

E não é uma questão tão difícil de resolver. No próprio curso há um exercício em que dou o início dessa escolha, propondo: “fale sobre sua paixão”. Sim, porque quando você se apaixona por algo é como se apaixonar por alguém, você fala daquilo com um entusiasmo ímpar, com o brilho no olhar, com a voz emocionada, com calor nas palavras. 

Se você tem a missão de enfrentar uma plateia para um tema que é do seu conhecimento, mas ele todo, evidentemente, não cabe no tempo proposto, e tem que escolher, entre tudo o que o tema oferece, um recorte para se adequar àquele momento que lhe é dado, escolha a parte do tema pela qual você mais tem paixão. O que você mais gosta dentro de tudo o que você sabe sobre aquilo? Está aí o que você deve ter como ponto central do seu discurso. 

Definida a paixão, a chama que traz o arrebatamento pelo assunto, o desafio é ir no caminho contrário e “limpar” o discurso do excesso de sentimento, ou, pelo menos, livrá-lo do sentimentalismo que as paixões geralmente despertam. Porque o ato de falar em público requer um planejamento racional, é a razão que assume as rédeas da roteirização do discurso para que a emoção só apareça para dar o brilho necessário e não seja a inimiga a ser combatida o tempo todo na fala. 

Utilizar a paixão na escolha do recorte do tema e planejá-lo sob a luz da razão é o segredo para o equilíbrio de uma fala que interesse ao outro, independentemente do teor do conteúdo escolhido para o discurso. 

E equilíbrio, como em tudo na vida, é muito necessário ao falar em público. No mais, é acreditar na utilidade do que se entrega nesta mensagem dita e fazer o que não me canso de incentivar ser feito, o bom, e já quase velho, bordão que escolhi, o #vaiefala. 

Luciana Gomes 

jornalista e professora de oratória